Aécio : O Governo estabeleceu um rolo compressor em torno das MPs
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve retomar as atividades
parlamentares na próxima semana, depois de quebrar cinco costelas e a clavícula
em uma queda de cavalo, no último dia 18. Ontem, demonstrou que chegará a
Brasília disposto a radicalizar no tom oposicionista. Pouco antes de almoçar
com o presidente tucano, deputado Sérgio Guerra (PE), e o presidente do
Instituto Teotônio Vilella, o ex-senador Tasso Jereissati (CE), no apartamento
que mantém em Belo Horizonte, Aécio fez o seguinte balanço dos primeiros seis
meses do governo da presidente Dilma Rousseff: "É um primeiro semestre
extremamente negativo, talvez o mais negativo do que qualquer governo da nossa
história política recente".
O senador mineiro fez questão de dar entrevista ao lado de
Guerra e de Jereissati. Na semana passada, o ex-governador José Serra soltou
uma nota em nome do Conselho Político do PSDB criticando o governo e foi
criticado por não ter consultado seus demais integrantes.
Aécio afirmou que a demissão do ministro dos Transportes, o
senador Alfredo Nascimento (PR-AM), sobre quem foram levantadas suspeitas de
corrupção, precisa ser "pedagógica". "Seja no Conselho de Ética,
no Ministério Público, é preciso que as investigações continuem nessa área. É
preciso que avancem em outras áreas", disse. O senador, que é o principal
presidenciável de seu partido para 2014, caracterizou a presidente Dilma
Rousseff como meramente reativa, sem tomar a iniciativa de coibir desvios de
ética na administração e chegou até a insinuar que a crise não estava adstrita
ao Ministério dos Transportes. "Há uma certa passividade no governo
federal, ou para não dizer uma certa cumplicidade, com alguns mal feitos. Se
não houver denúncia da imprensa, fica tudo como está", afirmou.
Aécio disse estar disposto a influir na próxima semana na
votação do novo rito das medidas provisórias. O mineiro é o autor do
substitutivo da Comissão de Constituição e Justiça da emenda constitucional
apresentada pelo presidente do Senado, o ex-presidente e senador José Sarney
(PMDB-AP). Segundo Aécio, ainda não há acordo para votar a proposta em
plenário.
"O governo estabeleceu um rolo compressor no Congresso
em torno das medidas provisórias que não aceitou ainda rediscutir. Eu volto a
Brasília, mesmo com esses problemas que ainda estou vivendo, na próxima
segunda, para tentar construir algo que não é para a oposição, nem tampouco
para o governo, é para o país", disse.
Aécio também listou entre suas prioridades discutir com os
colegas de partido estratégias para o PSDB tirar proveito político da onda de
denúncias que já obrigou Dilma a alterar três vezes o ministério e retomar
proposta sua já apresentada de alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), que obriga o BNDES a pedir autorização do Congresso para realizar
operações de capitalização de grandes grupos.
O tema ganhou novo significado depois do anúncio de que o
banco estatal poderia injetar recursos na fusão do grupo de supermercados Pão
de Açúcar com o francês Carrefour. "Esse é um recurso do Tesouro. Não é
correto dizer que o BNDESPar não é recurso público, porque em última instância
ele é sim", disse.
Guerra e Tasso se esquivaram em comentar o que os motivou
para viajar ainda ontem a Belo Horizonte, uma vez que o próprio Aécio afirmou
que já deve estar na próxima semana em Brasília. "Eu estava curioso em ver
como o Aécio fica de tipoia", limitou-se a gracejar Tasso. " Estamos
aqui não para tratar de 2014, mas do próximo ano. Queremos eleger 900 prefeitos
em 2012?, disse Guerra.
O dirigente tucano também sinalizou que o PSDB espera que
aumente o constrangimento do governo federal com denúncias contra seus
integrantes. "Não há porque pensar que só o ministério que o PR ocupava
está contaminado. Nada indica que acabou", afirmou o deputado.
Cesar Felício / Valor Econômico
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