Aécio Cunha, o Aécio paí

O Aécio pai

Por Aristóteles Drummond em 02/12/2011
Percorrendo a Internet, encontrei um blog de admiradores do senador Aécio Neves. E, nele, estava um artigo publicado em Belo Horizonte, em que o político mineiro falava do pai, que havia morrido no dia da eleição que o elegera senador da República, no ano passado.
Tive a oportunidade de conhecer Aécio Cunha, tendo convivido com ele por quase trinta anos, mais assiduamente nos últimos doze, quando ambos participávamos de conselhos da CEMIG. Um encontro sempre marcado pelo afeto, pelas afinidades, pelo passado político comum, mas, sobretudo, pela percepção de que se estava diante de uma personalidade muito especial, na correção, no rigor consigo próprio, no amor à verdade e ao bom senso.
Deixou exemplos marcantes, como quando renunciou à nomeação para o Tribunal de Contas da União, ao resolver deixar a cadeira de deputado federal, que ocupava pela terceira vez, e que fora de seu pai, Tristão, em favor do filho. Noticiário maldoso o aborreceu a ponto de abrir mão do honroso cargo para ele, e muito disputado por outras personalidades. Mais adiante, membro do Conselho de Administração de Furnas, ao final do primeiro mandato do presidente Lula, renunciou em função do filho, governador de Minas, apoiar outro nome na sucessão presidencial. Mais adiante, contrariando todos os pareceres jurídicos, achou-se moralmente obrigado a renunciar ao Conselho da CEMIG, em função da chamada lei do nepotismo. Não o atingia a lei, uma vez que a empresa é sociedade de capital aberto e não depende de nomeação do Estado, mas, sim, dos acionistas.
Durante o tempo em que foi genro de Tancredo Neves e com ele morava em Brasília, tinha uma amizade efetivamente familiar, embora ambos deputados federais da bancada mineira, mas o sogro na oposição, MDB, e o genro da situação, ARENA-PDS. A diferença partidária nunca foi questão que afetasse sua relação com o sogro e com os filhos.
O artigo do senador Aécio Neves Cunha sobre a perda do pai é uma página rica de emoção, de lições, de compromissos implícitos. Colocam diante do leitor o lado humano e afetuoso, importante na avaliação de um homem público, que não precisa ser um frio político, mas saber conciliar as responsabilidades da vida pública com os sentimentos e qualidades de quem sabe dar valor à família e a seu significado na vida.
Essas e outras coisas realmente fazem o diferencial do político que hoje encarna a esperança das forças vivas da nacionalidade numa mudança para melhor no Brasil. São estas marcas que trás do berço, do amor a pai cativante na bondade, as lições políticas do avô sábio e a experiência de um governo que foi dinâmico, realizador e nem por isso deixou de atender ao social com grande ênfase.
Infelizmente, a qualidade de nossos homens públicos é isso que se vê no noticiário diariamente. Mas a geração dos grandes exemplos, como o pai e os dois avós de Aécio, encontra renovação nele e em outros jovens que podem se constituir em uma alternativa válida de poder.
A sociedade hoje está atenta. Por vezes até peca, mas está certa em pressionar pelas leis que coíbam a ação perversa de políticos, para que exemplos como o que se vê em Brasília, onde a emenda está saindo quase pior do que o soneto, não se tornem rotina. No Rio, surgiu um site de jovens para acompanhar as contas publicas e os serviços prestados a população pelo Poder Público. Entre seus fundadores e dirigentes, o jovem Miguel Corrêa do Lago, bisneto de Oswaldo Aranha, neto do embaixador Antonio Correa do Lago, que foi referencia de correção em sua geração. Por aí as coisas podem começar a mudar. Com gente nova.
*Aristóteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Por Aristóteles Drummond, em 02/12/2011 - 00:01.

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