As coincidências de Pimentel...


As coincidências de Pimentel....



Por: Márcio Doti
mdoti@hojeemdia.com.br

Já é longo o prazo dado para que fatos viessem confirmar ou desmentir coincidências nas relações do governador Fernando Pimentel com a Polícia Federal. Desde o episódio em que uma equipe da PF desembarcou na Pampulha, tentou entrar na residência, no escritório do governador e teve a autorização negada pela Justiça. A equipe voltou para Brasília. Logo em seguida, o governador Pimentel protestou energicamente, chamou às falas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Censurou a atitude da Polícia Federal, fez imensa poeira e, coincidência ou não, logo ocorreu a substituição do delegado Dênis Cali, que até ali havia conduzido a Operação Acrônimo, a que envolve Pimentel, sua esposa Carolina Oliveira, seu fiel escudeiro e ex-sócio, Otílio Prado, e um amigo-companheiro de viagens, Benedito Oliveira, o Bené, de quem usou o avião. Por sinal, o mesmo avião que entre o fim da campanha estadual e a eleição da presidente Dilma, foi apreendido em Brasília porque transportava maleta cheia de dinheiro.

A segunda fase da operação foi em 25 de junho e pelo menos 19 endereços foram visitados em Minas, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Um dos locais visitados foi a sala onde funciona a OPR, sucessora da empresa que se chamava P-21 Consultoria e tinha como sócios Pimentel e o hoje assessor do governador, Otílio Prado.

Quando ganhou a eleição, Pimentel se afastou da sociedade e Otílio passou sua parte para o filho Alexandre Alan Prado. Segundo a polícia, Pimentel recebeu entre 2013 e 2015 pelo menos R$1,6 milhão de entidades patronais mineiras. Outra linha de investigação apura a relação entre repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empresas que também contrataram firmas de comunicação, sob a influência da primeira dama de Minas, Carolina Oliveira, quando então Pimentel era ministro do Desenvolvimento, pasta à qual é vinculado o banco.

Assumiu no lugar do delegado, que conduzira as duas primeiras fases da Operação Acrônimo, a delegada Denise Dias Rosa Ribeiro, trazida de Roraima. Em despacho, ela explicou que estava diante de um caso complexo, com 500 gravações e mais de 20 mil páginas de processo. Mas obteve do ministro Herman Benjamim, relator do caso, a autorização para colher depoimentos de investigados e envolvidos, desde que não tivessem a prerrogativa de fôro privilegiado. Por coincidência, o único nessa situação é o governador Fernando Pimentel. E aproveitou para também afirmar que “o caso apresenta complexidade ímpar…” Mas o governador responde a inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob sigilo.

Não é preciso ser especialista em coisa alguma para saber que o delegado que coletou, ou viu coletar, essas tantas gravações e esses 20 mil documentos sabe o que nem lendo tudo isso saberá a sua substituta. E a série de coincidências nos permite, pelo menos, deduzir que já está avisado pelo magistrado e pela delegada que as investigações podem levar imenso tempo, e aí dizemos nós, quem sabe até mais do que o próprio mandato do governador mineiro.

Coluna do Hoje em Dia

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