Auditoria levanta irregularidades em passagem de 10 anos de diretor pelo Galo


Carlos Fabel trabalhou nas gestões de Alexandre Kallil, Daniel Nepomuceno e Sérgio Sette Câmara e teria cometido 'graves imputações de irregularidades'
Carlos Fabel foi diretor financeiro do Galo entre 2009 e 2019, ao longo de quatro mandatos — Foto: Pedro Souza/Atlético

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Depois de uma passagem de dez anos de Carlos Fabel pelo Atlético como diretor financeiro do clube, o ex-gestor trava uma batalha nos bastidores com o Galo. Isso porque o Atlético suspendeu o pagamento após sua rescisão de contrato por encontrar "graves imputações de irregularidades" no trabalho de Fabel, após resultados de auditoria da Kroll. A informação foi divulgada pelo jornalista Rodrigo Capelo.

Fabel ficou no Atlético entre 2009 e 2019, nas gestões de Alexandre Kalil, Daniel Nepomuceno e Sérgio Sette Câmara. Ao sair do clube, um acordo foi feito para o pagamento após a rescisão, o que o Galo suspendeu. No dia 1º de setembro, Fabel enviou ao Atlético uma cobrança extrajudicial de R$ 1,7 milhão, referente a parcelas por rescisão de contrato e multa.

Em resposta, o Atlético afirmou, por meio de documento assinado pelo atual presidente Sérgio Sette Câmara, que a suspensão dos pagamentos inicialmente tinha sido em decorrência dos reflexos da pandemia, mas depois porque foram encontradas "graves imputações de irregularidades".


Desdobramentos

A fundamentação do clube foi em uma auditoria realizada pelo Kroll, que, segundo revelou o documento de Sette Câmara a que teve acesso o jornalista Rodrigo Capelo, "apurou e comprovou a realização de pagamentos indevidos, desprovidos de lastro contratual em correção com os serviços prestados".

Entre maio de 2009 e dezembro de 2017, Fabel teria recebido R$ 15,8 milhões líquidos, sendo que apenas R$ 5,8 milhões foram documentados em contratos encontrados pela Kroll. A auditoria ainda levantou que o ex-diretor financeiro teria sido remunerado pelo Galo por meio de três empresas de que é sócio:

- Consultoria Pontual Ltda
- Art Sport Assessoria Ltda
- CASF Consultoria Empresarial Ltda

Na resposta de Sette Câmara, o presidente do Atlético ainda cobra do ex-diretor os "valores recebidos indevidamente" em até cinco dias corridos, "sob pena das medidas judiciais cabíveis". Esse documento foi enviado em 21 de setembro.

O que dizem os envolvidos

Consultado pelo Super.FC, o ex-diretor financeiro do Atlético, Carlos Fabel, informou à reportagem que "este assunto está com o advogado pois minha resilição tem um cláusula de confidencialidade entre as partes", disse.

O clube, também procurado, informou que "como amplamente já divulgado pela imprensa, o Atlético contratou empresas de auditoria, que estão traçando uma radiografia do clube, incluindo as gestões passadas e a atual. Portanto, se necessário e quando pertinente for, o clube fará os devidos encaminhamentos", informou.

Alexandre Kalil e Daniel Nepomuceno

A reportagem entrou em contato com os dois últimos presidentes do Atlético, com quem Carlos Fabel também trabalhou. Aos dois, foi questionado se foram levantadas irregularidades no trabalho de Fabel quando eles comandaram o clube. Ainda, quanto ao alto valor sem registro em contratos e também sobre o salário do ex-diretor financeiro.

Alexandre Kalil: "O Fabel apresentou todos os contratos. Ele trabalhou na minha gestão e depois na do Daniel. Também na gestão do Sérgio. Por mim, não tenho nada que reclamar dele. O salário foi alto mesmo, fora da realidade. Mas eu não sei nada do Fabel e não tenho nada contra ele, nada para falar pessoalmente", comentou Kalil, presidente do Galo entre o fim de 2008 e 2014.

Daniel Nepomuceno: "No meu período, os contratos estão totalmente auditados. O Maluf e o Fabel eram bem remunerados. É só fazer a divisão do salário, teve a prestação de contas e não teve irregularidade nenhuma [na sua gestão]. Quando entrei, a gente fez uma revisão de contrato, teve um reajuste no setor, como qualquer funcionário. Quando eu saí, ele ficou ainda no clube, é bom colocar isso", explicou Daniel, presidente do Atlético entre 2015 e 2017.

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