Tá calor em BH? Esse é o novo normal do clima, dizem especialistas
Recorde de temperatura esperado para hoje, de 38° é só o início de primaveras escaldantes
Por TATIANA LAGÔA E ALINE PERES
03/10/20 - 03h00
https://www.otempo.com.br/

Tempo seco causa necessidade de hidratação constante
Foto: Flavio Tavares
Para todo lado que se olha tem alguém tentando se refrescar em BH, seja se abanando, se hidratando ou até entrando nas fontes em praças públicas. Afinal, mineiro não está acostumado com esse calorão, que, aliás, se as previsões estiverem certas, vai bater recorde hoje, com 38°C. E o pior: especialistas dizem que é um caminho sem volta. A tendência para o Estado são primaveras cada vez mais quentes a partir de agora com frequência de temperaturas de 40°C.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital nunca registrou 38°C em outubro desde quando o órgão começou a fazer a medição. E isso já tem 110 anos. “No passado, BH tinha máximas de 35°C na primavera. Na década de 80, as temperaturas foram subindo. E, a partir de agora, 39°C e 40°C não serão mais estranhas”, afirma o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo.
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A explicação é simples. Primeiro, a urbanização, que enche a cidade de prédios e asfaltos. “Isso tudo reflete a radiação solar para o espaço e gera uma bolha de calor na cidade”, explica.
O segundo motivo é o aquecimento global, causado pelo excesso de gás carbônico na atmosfera. “A cada ano, a temperatura do planeta sobe um pouco mais”, afirma Reis.
As mudanças não ocorrem só na primavera. “O aquecimento planetário desencadeia fenômenos atmosféricos, e um dos efeitos é que condições atmosféricas extremas ocorrem”, diz o professor de climatologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fábio Sanches.
E este clima seco?
A baixa umidade, segundo o meteorologista Lizandro Gemiacki, do Inmet em Belo Horizonte, é típica do período. “É uma umidade típica desta época do ano, quando vai chegando o final da estação seca. Como ficamos sob atuação do sistema de alta pressão que impede a formação de nuvens de chuva e aqui (em BH) não tem muita fonte de umidade (mares ou grandes rios), a atmosfera seca aos poucos”, explica. As queimadas, que são consequência desse clima seco, ainda pioram a situação. “A queimada emite dióxido de carbono na atmosfera e piora o aquecimento global”, diz o meteorologista Ruibran dos Reis.
Vá de máscara mesmo com suor
Além dos cuidados comuns que devem ser tomados em tempo quente e seco, neste ano, ainda é preciso se atentar às medidas que evitem a propagação do coronavírus. Em outras palavras: sim, a máscara não pode ser abandonada por causa do suor.
“Com calor ou sem calor, estamos vivendo uma pandemia, então temos que manter o uso da máscara. A recomendação é trocá-la com uma frequência maior. Ter mais máscaras disponíveis quando for sair garante a troca frequente”, afirma a médica de família e comunidade Patrícia Guimarães Penido.
Além disso, ela pede que a hidratação constante seja mantida nessa fase.
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